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10 anos do rompimento da barragem de Fundão: memória, dor, impactos e lições para o futuro.

  • Foto do escritor: Hermes Vissotto
    Hermes Vissotto
  • há 8 horas
  • 3 min de leitura
Imagem: © Antonio Cruz/ Agência Brasil
Imagem: © Antonio Cruz/ Agência Brasil

No dia 5 de novembro de 2015, o Brasil viveu uma das maiores tragédias socioambientais de sua história. A barragem de rejeitos de Fundão, operada pela Samarco Mineração S.A., em Mariana, Minas Gerais, rompeu-se e liberou milhões de metros cúbicos de lama tóxica. A enxurrada destruiu comunidades inteiras, matou pessoas, devastou ecossistemas e comprometeu a vida ao longo de toda a bacia do Rio Doce até o oceano Atlântico.


Dez anos depois, ainda é impossível falar de Mariana sem lembrar da perda humana, da dor das famílias, da destruição ambiental e do longo caminho que a reparação segue percorrendo.


O impacto humano da tragédia

O rompimento tirou a vida de 19 pessoas. Famílias perderam casas, histórias e raízes construídas ao longo de gerações nas comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e outras localidades atingidas.


A dor não se limita ao momento do desastre. Moradores relatam sequelas emocionais como ansiedade, depressão e sensação de desenraizamento. A perda da referência territorial afetou cultura, pertencimento e identidade comunitária.


Mesmo com reassentamentos em andamento, o retorno à normalidade permanece desafiador. A reconstrução de laços sociais, a adaptação às novas moradias e a busca por estabilidade econômica seguem como processos contínuos.


A devastação do meio ambiente

O colapso da barragem despejou toneladas de rejeitos que percorreram centenas de quilômetros até o mar. A lama destruiu vegetação, assoreou rios, matou peixes e interrompeu o abastecimento de água em diversas cidades.


A bacia do Rio Doce sofreu uma transformação radical. Estudos indicam que, mesmo após uma década, não é possível afirmar que o ecossistema tenha se recuperado completamente. Em muitos trechos, a qualidade da água ainda exige monitoramento e ações permanentes.


A lama que chegou ao oceano alterou áreas costeiras no Espírito Santo e impactou a pesca, o turismo e a biodiversidade marinha.


Medidas de reparação e o que ainda precisa evoluir

Logo após o desastre, iniciaram-se investigações e processos judiciais. Foram criadas estruturas institucionais para reparação, incluindo a Fundação Renova, e posteriormente um novo acordo nacional que reorganizou a governança e o financiamento das ações.

Obras de reassentamento, indenizações e projetos ambientais avançaram ao longo dos últimos anos. Em Mariana, novos distritos como Novo Bento Rodrigues começaram a ser entregues, incluindo moradias, comércio e equipamentos públicos.


Mesmo assim, persistem desafios importantes. Muitas famílias ainda lidam com burocracia e prazos prolongados. Ambientalistas e pesquisadores destacam que a restauração completa da bacia do Rio Doce pode levar décadas. Há também questionamentos sobre transparência, monitoramento independente e participação efetiva das comunidades atingidas.


Outro ponto sensível diz respeito à prevenção. A tragédia expôs falhas graves de fiscalização, gestão de riscos e segurança na operação de barragens no país. As mudanças regulatórias avançaram, mas especialistas defendem que o Brasil ainda precisa evoluir em cultura de prevenção, governança ambiental e responsabilização corporativa.


Lições para o Brasil e para o desenvolvimento sustentável

Ao marcar dez anos da tragédia, o rompimento de Fundão deixa um alerta profundo para o país. O desenvolvimento econômico não pode caminhar separado da responsabilidade social e ambiental. A mineração, que é parte importante da economia brasileira, precisa ser acompanhada de monitoramento rigoroso, tecnologia, transparência e compromisso com a vida e com o território.


A reparação das vítimas deve ir além da indenização financeira. É necessário recuperar dignidade, cultura, identidade, memória e o direito ao futuro das comunidades atingidas.

A tragédia de Mariana não é apenas um acontecimento do passado. Ela segue presente nas águas do Rio Doce, nas casas reconstruídas, na luta das famílias e na paisagem devastada que recorda ao Brasil a importância de colocar a vida e a natureza no centro das decisões.


Que a memória dessas vidas e desses lugares seja um compromisso permanente para que desastres assim jamais se repitam.


Fontes

En Wikipedia: Mariana dam disaster

Perspectivas em Ecologia e Conservação

Pensoft Blog

Jota Info – Especial 10 anos do desastre de Mariana

Agência Brasil

ArXiv – Estudos socioeconômicos sobre impactos

Senado Federal – Relatórios de investigação

Publicações acadêmicas e científicas sobre ecologia do Rio Doce e reassentamentos


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