Dia das Favelas e Comunidades Populares: respeito, identidade e políticas públicas.
- Hermes Vissotto

- há 6 dias
- 3 min de leitura

Hoje, 04 de novembro, celebramos o Dia das Favelas, uma data que marca a luta por reconhecimento, dignidade, pertencimento e políticas públicas para milhões de brasileiros que vivem em territórios populares. Mais do que um marco simbólico, este dia reforça a importância de enxergarmos as favelas e comunidades como parte fundamental das cidades brasileiras, espaços de cultura, resistência, inovação e potência social. É um convite a refletir sobre desigualdades históricas, combater o racismo estrutural e promover inclusão, cidadania e desenvolvimento sustentável para todos.
O que é “favela” e por que falamos em “comunidade”?
O termo “favela” surgiu historicamente no Rio de Janeiro, no final do século XIX. Com o tempo, consolidou-se como referência a territórios urbanos não planejados pelo poder público, marcados por ocupação informal, desigualdade estrutural e ausência de políticas urbanas adequadas.
Porém, ao longo dos anos, o termo passou a carregar estigma e preconceito social. Assim, movimentos sociais, lideranças locais e políticas públicas têm adotado cada vez mais o termo “comunidade” como forma de ressignificar esses espaços, valorizando seu sentido de pertencimento, solidariedade, organização popular e identidade cultural.
Hoje, o próprio IBGE utiliza a expressão “favelas e comunidades urbanas”, reconhecendo esses territórios como parte legítima do tecido urbano brasileiro.
Quantas comunidades existem no Brasil e quem vive nelas
Dados do Censo 2022 mostram que:
O Brasil possui 12.348 favelas e comunidades urbanas
Nesses territórios vivem 16.390.815 pessoas
Isso corresponde a 8,1% da população brasileira
O número de moradores cresceu 43,5% desde 2010
Essas comunidades estão presentes em 656 municípios, com maior concentração na região Sudeste
As comunidades brasileiras possuem enorme diversidade cultural, econômica e social, sendo espaços que movimentam economias locais, geram inovação social e promovem iniciativas educativas, culturais e empreendedoras.
Quem são os moradores das comunidades
O perfil racial reforça a relação direta entre território e desigualdade histórica:
56,8% dos moradores se declaram pardos
16,1% se declaram pretos
Total: 72,9% de pessoas negras (pretas + pardas)
Ou seja, as comunidades são territórios majoritariamente negros, revelando como raça e espaço urbano estão entrelaçados nas dinâmicas de desigualdade no Brasil.
Racismo estrutural e acesso a direitos básicos
O racismo estrutural no Brasil cria barreiras históricas para o acesso a direitos fundamentais como moradia adequada, saneamento básico, saúde, educação e mobilidade.
Estudos mostram que:
Domicílios com pessoas negras têm menor acesso simultâneo à água tratada, coleta de lixo e esgoto adequado
A precariedade urbana afeta mais pessoas pretas e pardas
A ausência de políticas públicas continuadas reforça desigualdades sociais e territoriais
Esses fatores revelam o que se chama de racismo territorial ou racismo ambiental: territórios de maioria negra enfrentam mais vulnerabilidade, menor infraestrutura e maior negligência estatal.
Por que celebrar esta data
O Dia das Favelas é uma oportunidade para:
Reconhecer o valor cultural, social e econômico das comunidades
Fortalecer políticas públicas de urbanização, moradia e acesso a serviços
Combater o estigma e a discriminação histórica contra moradores
Promover inclusão, cidadania e justiça social
Valorizar lideranças comunitárias e o protagonismo local
Construir cidades mais humanas, justas e sustentáveis
Fontes
IBGE – Censo 2022: levantamento nacional sobre favelas e comunidades urbanas
Exame – análise sobre o perfil racial das comunidades
Ministério do Desenvolvimento Regional e estudos urbanos
Habitat Brasil – dados sobre saneamento e desigualdade racial
Conectas – análise sobre racismo ambiental no Censo 2022

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